Internação
compulsória X alternativas de tratamento para dependentes/usuários de álcool e
drogas – por Cássia Regina de Souza
Preto (Psicóloga, discente da UNESP/FOA Araçatuba Especialização
em Psicologia e Saúde: Interfaces teóricas e práticas)
Hoje em dia a mídia e, provavelmente quem tem interesse financeiro
na internação compulsória, têm apresentado esta alternativa como a salvação para
a epidemia do crack, que realmente tem feito inúmeras vítimas espalhadas cada
vez mais por todas as regiões do Brasil.
A opção da internação compulsória aponta para a ineficiência
dos programas oferecidos, quando estes são oferecidos... Na realidade, o panorama que temos na maioria das cidades é a
ausência de programas para o atendimento de dependentes químicos.
O CAPS AD é uma alternativa afinada com a proposta de
tratamento sem internação, porem em muitos casos foca seu atendimento para
adultos; os adolescentes e jovens são hoje em dia o maior público que são
atingidos por esta epidemia, alem de que, muitos municípios não apresenta características
para implementar este equipamento de saúde (segundo as regras do Ministério da
Saúde).
A REDUÇAO DE DANOS é uma proposta de intervenção inovadora e
arrojada, que apresenta resultados importantes e que pode ser implantada nos municípios
a partir da estrutura de saúde já existente. A redução de danos é um movimento
que surgiu em resposta à propagação do HIV/AIDS na década de 80, porem foi
ampliado visando lidar com as consequências danosas do uso de drogas.
A REDUÇAO DE DANOS são um conjunto de medidas de saúde
pública que visa minimizar as consequências adversas do uso/abuso de drogas,
alem de álcool, cigarro etc.; busca sobretudo alternativas visando diminuir
riscos e vulnerabilidades associadas, parte do pressuposto de encontrar
alternativas viáveis (e não idealizadas) que os usuários aceitem em adotar, sem
que se tenha como princípio a abstinência como meta a ser alcançada. O usuário,
neste programa é tratado com respeito à sua individualidade e cidadão de direitos.
Na prática, a REDUÇÃO DE DANOS busca o manejo seguro de
comportamentos de alto risco e de danos associados a eles, enfatizando-se o comportamento seguro que o usuário naquele
momento é capaz de assumir como responsabilidade sobre si (e também em relação com
quem partilha sua vida).
Em outra oportunidade (2011) busquei tentar ampliar a
proposta de REDUÇÃO DE DANOS para o tratamento da obesidade mórbida e pacientes
submetidos à cirurgia da obesidade (gastroplastia), que mesmo tendo os corpos
modificados, não conseguem emagrecer, nem adotar comportamentos saudáveis
(alimentares, exercícios físicos, uso de bebidas alcoólicas, etc), na busca de criar possibilidades viáveis em
saúde.
Mais uma vez enfatizo que a internação de usuários de drogas
(compulsória ou não) não pode figurar como “A” alternativa para o enfrentamento
de questões tão sérias da nossa sociedade, precisamos nos abrir para propostas
que podem contribuir de forma eficiente e séria, a REDUÇAO DE DANOS pode com
certeza contribuir como estratégia em saúde.